Quase 30 anos para aprender que posso fazer apenas uma pequena parcela da mudança e que mudar o mundo ou as pessoas não é única e exclusivamente minha obrigação.
É difícil conviver com algo que não nos agrada, com o qual não concordamos, porém mais difícil ainda é saber se contentar com o mínimo que podemos fazer.
O tempo está fazendo bem, estou aprendendo aos poucos a minha importância, ou melhor, estou me dando mais importância finalmente, se é que me entendem.
Outro dia, por exemplo, no auge de um momento ruim e melancólico, olhei para o espelho enquanto escovava os dentes e me deparei com um "SER" fora de época, fora dessa época em que tudo que acreditava simplesmente se perdeu ou foi transformado, coisas tão banais tomaram seu espaço com uma velocidade gritante e assustadora. Um exemplo: a infância antes tão valorizada, fase onde se forma o caráter de um ser humano, onde se brincava de boneca e carrinhos pelos menos até os 15 anos, fora substituídos por uma adolescência tomada por intorpecentes e bebês de verdade. as refeições em família anteriormente um ato sagrado passou a ser substituído por 'fast food' com os amigos de balada ou por uma comida rápida no intervalo entre uma ou outra coisa nada importante e que poderia ser feito mais tarde. As relações interpessoais passaram a ser artigo de luxo, já que no trabalho, no círculo de amizades, em meio aos familiares pouco se vê em termos de afeição, cumplicidade e lealdade.
Antigamente havia um código de ética entre amigos, invisível mas leal, pois era respeitado, observava-se respeito mútuo e havia sempre alguém com quem poderíamos contar.
a era tecnológica tomou conta avassaladoramente de tudo isso e como disse uma amigo escritor em um de seus contos "...as pessoas estão trocando relações verdadeiras por relações virtuais." (Marco Hurschka). Isso é FATO!
É mais fácil manter uma relação 'artificial' em uma era dominada por sites de relacionamentos, a ter que conviver com os demônios reais do outro, ou ter que olhar nos olhos da pessoa e dizer verdadeiramente o que lhe incomoda, dando a oportunidade a esta pessoa de mudar ou melhorar.
Acho mesmo que nasci na época errada... Beatles e Paul McCartney continuam sendo meus ídolos, um jantar em família tendo valor imensurável pra mim, amigos ainda conto nos dedos de uma única mão e olha que sobram dedos...rsrsr. E relacionamentos? Bem relacionamentos de verdade, mesmo querendo muito é algo que não tenho coragem de arriscar novamente, as experiências anteriores faz isso com a gente, nos deixam com medo de tentar mais uma vez.
Parabenizo àqueles que não desistem ou ainda não desistiram de encontrar alguém que os complementem, pois como diz Cecília Meireles "Amar é para os corajosos" e eu confesso minha covardia nesse quesito.
Um grande beijo a todos e obrigada.
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